Hexa-Campeões Nacionais

“Por trás de uma montanha, há uma montanha ainda maior!”

Quando no ano transacto, também em Montalegre o AbouAboua se sagrou penta-campeão nacional de parapente por clubes surgiram os primeiros pensamentos relativos a um possível hexa-campeonato, bi-tri diriam uns ou num trocadilho bastante feliz sexi-campeões.
Era um objectivo assumido a defesa dos cinco títulos consecutivos, mas acima de tudo a humildade de saber aceitar o resultado que nos coubesse, desde que dessemos o nosso melhor.
Originalmente aconteceria na Serra da Estrela, mas restrições de espaço aéreo decorrentes de um exercício militar de grande envergadura com presença de muitos países estrangeiros levou a uma solução de recurso, Montalegre, que tão bem nos recebeu nos anos anteriores, mas cujas condições para a prática da modalidade tendem a apenas tornar-se consistentes assim que se aproxima o mês de Agosto. Mesmo assim lá estávamos, e apesar da luta toda acabámos por ter um campeonato bem disputado. Uma parte dos pilotos que compõe a equipa estava hospedada na casa do Rôlo, cuja recomendação aqui fica.

 

Montalegre fica aqui ao lado, como tal, cada um por si, com horas mais ou menos combinadas fomo-nos dirigindo a Montalegre. Passagem por casa a deixar as malas e siga aproveitar o dia de voo. Vento de Nordeste,de acordo com a previsão, com as eólicas do lado norte a indicarem essa direcção de vento, no entanto também no lado norte as nuvens estavam ainda à altura da descolagem enquanto do lado Sul se iam elevando acima da mesma. Vento também de frente do lado Sul a permitir a um grupo de pilotos descolar e subir até à base da nuvem que rondava os 2100m. O plano estava delineado à partida e consistia em “dar uma volta” à barragem dos pisões. Boa parte do grupo que descolou a completar sem grandes dificuldades a primeira metade do percurso, no entanto o regresso a tornar-se impossível devido à entrada do vento com alguma força e a destruir a térmica. Os que chegaram mais tarde já só voaram a Norte, com tectos a rondarem um máximo de 1500m, desfrutando no entanto de uma permanência mais prolongada. Jantar no “Talho” à saída de Montalegre e tratar dos últimos detalhes com as inscrições, o dia seguinte era dia de prova.

 

Logística toda aprontada para descolagens a Sul/Leste, com manda definida um zigue-zague no vale a acabar com Golo na barragem dos Pisões. Vento a não colaborar, demasiado lateral, sendo decidido e bem pela deslocação para a descolagem Norte. Final da manga semelhante, alterando o início como consequeência da mudança de descolagem. As condições até à hora do start algo interessantes, no entanto após a transição para a primeira baliza, já do lado Português a térmica era fraca e fruto do vento que se fazia sentir muito derivada, ficando o grosso dos pilotos na zona da segunda baliza. Devido a não haver número de pilotos suficientes a cumprirem com a distância mínima de 20km este dia de prova acabaria por não ser validado.

 

Descolagem Sul desta feita, definida a manga a iniciar na zona da descolagem com uma baliza na parte de trás da descolagem, regresso à descolagem, nova baliza na zona de Vilar de Perdizes e uma pequena ida e volta na zona da Castanheira/Montalegre com golo próximo da barragem dos Pisões. Manga curta mas de dificuldade elevada com poucos pilotos a cumprirem a totalidade do trajecto, sendo vencedora a Japonesa Keiki Hiraki, com Pedro Moreira em segundo a assegurar o primeiro lugar entre os Portugueses. Na classificação por Clubes Asas de São Miguel a tomarem o primeiro lugar da classificação, ficando o AbouaAboua em segundo. Pedro Moreira a ser o único piloto do AbouaAboua a cumprir a totalidade do percurso com Dinis Carvalho a ficar bastante próximo.

 

O vento forte foi umas constante ao longo desta prova, não tendo o terceiro dia sido validado. Desenhada uma manga com cerca de 60km com golo em Mirandela e uma baliza na zona de Chaves, vento forte e térmica fraca acabaram por não permitir que número suficiente de pilotos cumprisse com a distância mínima, não tendo por isso sido validada esta manga.

 

Ainda se subiu à descolagem por haver possibilidade de voar, mas o dia viria a ser cancelado por vento forte.

 

Definida manga com cerca de 60km directa à zona de Mirandela. O dia com melhores condições meteorológicas. Manga com início relativamente fácil para todos os pilotos, surgindo algumas dificuldades ao atravessar a zona de Chaves, tornando-se de seguida o voo mais simples. O brasileiro Rafael Saladini a ganhar a manga, com o piloto AbouaAboua Bruno Mota a ser o primeiro Português. Chegaram também ao golo do AbouaAboua Pedro Moreira, Pedro Cardoso e Carlos Carneiro. Paulo Silva que chega antes do Pedro Moreira assume a liderança do Campeonato com o clube Asas de São Miguel a aumentar ligeiramente a diferença pontual para o AbouaAboua, totalizando cerca de 200 pontos de vantagem.

 

Manga muito semelhante à do dia anterior, apenas sendo alterados o raio do cilindro para o golo na fase final bem como a descolagem, sendo desta feita utilizada a descolagem Norte. Num dia com vento algo forte, mas mesmo assim aquém do previsto o tecto baixo dificultou a saída da zona da descolagem, sendo que alguns pilotos apenas fizeram a primeira transição. Uma dupla muito forte Tabanez e Pedro Moreira liderou e venceu a prova, somando exactamente a mesma pontuação. Na pontuação por clubes foi decisiva esta performance que complementada com a chegada do terceiro piloto, Dinis Carvalho, por oposição a apenas dois pilotos do clube Asas de São Miguel permitiu a reviravolta nas pontuações, passando o AbouaAboua de uma desvantagem de cerca de 200 pontos para uma vantagem de cerca de 400, com Pedro Moreira a assumir a liderança do Campeonato em termos individuais.

 

Face às condições dificeis foi definida uma manga curta com saída da descolagem sul e algumas balizas no vale terminando na zona da barragem. A entrada do vento quando já estava decorrida mais de metade na manga acabou por obrigar todos os pilotos a aterrarem mais cedo por não conseguirem subir, não cumprindo assim nenhum a totalidade da manga, mas sendo esta válida, sem provovar no entanto alteraçoes relativamente aos líderes deste campeonato, sagrando-se o AbouaAboua Hexa-Campeão Nacional de Parapente e o piloto do AbouaAboua Pedro Moreira Campeão Nacional na classe individual!