XC Caldelas - Larouco

PedroAmares01 Pedro Amares, piloto de competição Aboua Aboua

Olá amigos, desculpem a demora da minha descrição do nosso voo mas vai sempre a tempo.

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Foi em Maio de 2005 num Open, acho o quinto Open de parapente de Caldelas. Eu tinha dois anos e meio de contacto com a modalidade. O nosso amigo Rogério tinha posto um premio de quinhentos euros para quem fizesse o trajecto de parapente Caldelas Larouco ou vice-versa, sempre ouve entre pilotos aquele pensamento de lá chegar um dia. Eu pelo menos já sonhei muitas vezes que descolei em Caldelas e aterrei no Larouco, mas vou concretizar um dia...
Já passaram quatro anos e quatro meses, assim vou contar aquilo de que me recordo. Não me recordo do skew t. do dia, mas sabíamos que era um bom dia para fazer distancia. Subimos à descolagem, estávamos com a pica toda, éramos uns dez pilotos. Descolaram Dinis, Daniel e Casinhas, não sei se mais alguém, treparam logo de estalo, eu quando vi apressei-me a descolar. Seguiram-se Puga e penso que mais alguns pilotos entre eles o Sérginho, acho que eu e o Puga demoramos muito tempo a subir, já os três primeiros pilotos estavam altos e decidiram arrancar, lembro-me do Daniel dizer pelo rádio: "vamos esperar pelo Pedro", mas ninguém lhe respondeu e ele seguiu viagem. O Puga andava a subir comigo mas em núcleos diferentes mais atrás, eu estava com a ambição de arrancar enrolava e olhava para o lado de S. Isabel um bocado receoso já os outros três estavam baixos por cima de Monsul. Quando viro o nariz para a cordilheira e decido em arrancar oiço pelo rádio: "Pedro não estás sozinho". Foram estas as palavras do Puga a falar muito baixinho, como é costume dele, sem eu dar por isso ele estava colado a mim (parecia os dois caças do filme top gun:) ). Ele deu-me mais confiança e seguimos juntos. Já em S. Isabel avistamos uma asa ao longe a vir na nossa direcção questionamos quem seria pois quem era não tinha rádio, então engonhamos um bocado à espera. Era o Graça.
O Puga sempre de olho em mim porque eu achei que naquele dia subia melhor em oitos e ele não sabia se eu rodava para a esquerda ou direita (era um perigo). Já com os três juntos e com mais experiência o Puga mais à frente engata e desaparece na nuvem eu tentei mas não consegui e fui ficando baixo com o Graça. Deixei a cordilheira virei á esquerda e aproximei-me da barragem de vilarinho das furnas que penso tratar-se da zona onde o Diniz tentou térmica, já a pensar que marrecava e depois de muita luta do sobe e desce lá trepei com o Graça novamente. A deriva leva-nos novamente para a cordilheira que tínhamos deixado o vento era noroeste sempre com acelerador e com o olho nas possíveis aterragens que eram escassas naquela zona, vejo o Puga ao longe já um pouco baixo. Passamos para Espanha precisamente por cima da fronteira de portela do homem onde perco o Puga de vista.
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Viam-se várias albufeiras, no início via o Larouco oeste e pró final do voo via melhor o Larouco norte porque a nossa trajectória foi muito à esquerda. Do lado Espanhol as boas aterragens parece que sorriam para nós, havia uns bons vales por aquelas bandas, tínhamos à volta de 2000 metros e a montanha aos nossos pés, numa delas fizemos ladeira. Eu e o Graça de um lado para o outro, a boa disposição reinava entre nós pois já tinha-mos feito um par de quilómetros, trepamos uns metros e saltamos para outra encosta, aqui acho que já estava vento norte que nos levaria direitinhos para o destino, mas já devia ser um pouco tarde a térmica era fraca deveríamos ter descolado mais cedo. Subi mais uns metros e mandei-me mais uma vez, talvez uns cinco o ou sete quilómetros do Graça, aterrei em segurança numa aldeia chamada Alvite num vale com uma altitude de 600 metros.

Abraço,
Pedro Amares.

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